O vinho é uma bebida que desperta paixões, curiosidades e controvérsias. Desde a antiguidade, o vinho está presente na cultura, na religião, na arte e na ciência de diversos povos e civilizações. O vinho também é cercado de mitos e verdades que envolvem a sua origem, a sua produção, o seu consumo e os seus efeitos. Neste artigo, vamos conhecer algumas das lendas e das verdades sobre o vinho, a bebida que é considerada um patrimônio imaterial da humanidade.
A origem e a história do vinho
A origem do vinho é incerta e envolve diversas lendas e teorias. Uma das mais famosas é a de que o vinho foi descoberto acidentalmente por uma princesa persa que tentou se suicidar com uvas estragadas. Ao invés de morrer, ela ficou embriagada e se apaixonou pelo rei que a havia rejeitado.
Outra lenda conta que o vinho foi inventado por Dionísio (Baco para os romanos), o deus grego do vinho, da fertilidade e do êxtase. Dionísio teria ensinado aos homens como cultivar a videira, como fermentar o suco de uva e como celebrar com a bebida.
A versão mais aceita pelos historiadores é de que o vinho surgiu no Oriente Médio, entre 6 mil e 4 mil anos antes de Cristo. Os primeiros registros históricos do vinho datam de 3 mil anos antes de Cristo, na Mesopotâmia, no Egito e na Grécia. O vinho era considerado uma bebida sagrada, usada em rituais religiosos, oferendas aos deuses e cerimônias fúnebres.
O vinho se espalhou pelo mundo graças às conquistas militares, às rotas comerciais e às missões religiosas. Os fenícios levaram o vinho para o norte da África e para a Península Ibérica. Os gregos levaram o vinho para a Itália, a França e a Alemanha. Os romanos levaram o vinho para toda a Europa Ocidental e para as Ilhas Britânicas. Os cristãos levaram o vinho para as Américas, para a África do Sul e para a Austrália.
Atualmente, o vinho é produzido em mais de 70 países, sendo os maiores produtores mundiais: Itália, França, Espanha, Estados Unidos, Argentina, Chile, Austrália, China e África do Sul. O vinho é consumido por cerca de 2 bilhões de pessoas todos os anos, sendo uma das bebidas mais apreciadas no mundo.
A produção e os tipos de vinho
A produção do vinho envolve diversas etapas e técnicas que podem influenciar na qualidade, no sabor e no estilo da bebida. A produção do vinho começa com o cultivo da videira (Vitis vinifera), uma planta que se adapta bem a diferentes climas e solos. A videira produz uvas que podem ser de diferentes variedades (ou cepas), como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc, entre outras.
A colheita das uvas pode ser feita manualmente ou mecanicamente, dependendo do tipo de vinho que se quer obter. As uvas são levadas para a adega (ou cantina), onde são selecionadas, lavadas e esmagadas para extrair o mosto (suco de uva). O mosto é fermentado em tanques ou barris por leveduras (fungos microscópicos) que transformam o açúcar em álcool e gás carbônico. A fermentação pode ser interrompida ou prolongada para obter vinhos mais doces ou mais secos.
O vinho pode ser classificado em diferentes tipos, de acordo com a cor, o teor alcoólico, o açúcar residual, o gás carbônico e o envelhecimento. Os principais tipos de vinho são:
- Vinho tinto: é o vinho que é fermentado com as cascas e as sementes das uvas, que dão a cor vermelha à bebida. O vinho tinto pode ser leve, médio ou encorpado, dependendo da variedade da uva, do clima, do solo e do tempo de fermentação. O vinho tinto pode ser seco (com pouco açúcar residual) ou doce (com mais açúcar residual). O vinho tinto pode ser jovem (sem envelhecimento) ou maduro (com envelhecimento em madeira ou garrafa).
- Vinho branco: é o vinho que é fermentado sem as cascas e as sementes das uvas, que dão a cor amarela ou esverdeada à bebida. O vinho branco pode ser leve, médio ou encorpado, dependendo da variedade da uva, do clima, do solo e do tempo de fermentação. O vinho branco pode ser seco (com pouco açúcar residual) ou doce (com mais açúcar residual). O vinho branco pode ser jovem (sem envelhecimento) ou maduro (com envelhecimento em madeira ou garrafa).
- Vinho rosé: é o vinho que é fermentado com as cascas das uvas por um curto período de tempo, que dá a cor rosa à bebida. O vinho rosé pode ser leve, médio ou encorpado, dependendo da variedade da uva, do clima, do solo e do tempo de fermentação. O vinho rosé pode ser seco (com pouco açúcar residual) ou doce (com mais açúcar residual). O vinho rosé geralmente é jovem (sem envelhecimento).
- Vinho espumante: é o vinho que contém gás carbônico dissolvido na bebida, que forma bolhas ao ser servido. O vinho espumante pode ser tinto, branco ou rosé, dependendo da variedade da uva e do método de produção. O vinho espumante pode ser seco (com pouco açúcar residual) ou doce (com mais açúcar residual). O vinho espumante pode ser natural (quando o gás carbônico é formado na própria fermentação) ou artificial (quando o gás carbônico é injetado na bebida).
- Vinho fortificado: é o vinho que recebe adição de álcool vínico durante ou após a fermentação, aumentando o teor alcoólico da bebida. O vinho fortificado pode ser tinto, branco ou rosé, dependendo da variedade da uva e do tipo de álcool adicionado. O vinho fortificado pode ser seco (com pouco açúcar residual) ou doce (com mais açúcar residual). O vinho fortificado geralmente é envelhecido em madeira ou garrafa.
O consumo e os efeitos do vinho
O consumo do vinho envolve diversas questões e recomendações que podem influenciar na apreciação, na harmonização e na saúde dos consumidores. O consumo do vinho deve levar em conta fatores como a temperatura, a taça, a rolha, a decantação e a guarda da bebida. O consumo do vinho também deve levar em conta as preferências pessoais e as combinações com os alimentos. O consumo do vinho ainda deve levar em conta os benefícios e os riscos para a saúde.
A temperatura ideal para servir o vinho varia de acordo com o tipo de vinho. Em geral, os vinhos tintos devem ser servidos entre 15°C e 18°C; os vinhos brancos devem ser servidos entre 8°C e 12°C; os vinhos rosés devem ser servidos entre 10°C e 12°C; os vinhos espumantes devem ser servidos entre 6°C e 8°C; os vinhos fortificados devem ser servidos entre 12°C e 16°C. A temperatura adequada realça os aromas e os sabores do vinho.
A taça ideal para degustar o vinho também varia de acordo com o tipo de vinho e o estilo de vinho. Em geral, as taças devem ser transparentes, de vidro ou cristal, com haste e bojo. As taças para vinhos tintos devem ter o bojo maior e mais arredondado, para permitir a oxigenação e a liberação dos aromas. As taças para vinhos brancos devem ter o bojo menor e mais alongado, para preservar a temperatura e a acidez. As taças para vinhos rosés devem ter o bojo médio e levemente abaulado, para equilibrar a frescura e o aroma. As taças para vinhos espumantes devem ter o bojo estreito e alto, em forma de flauta, para manter as bolhas e o frescor. As taças para vinhos fortificados devem ter o bojo pequeno e cônico, para concentrar os aromas e os sabores.
A rolha é um elemento importante para a conservação do vinho, pois impede a entrada de ar e de micro-organismos na garrafa. A rolha deve ser retirada com cuidado, usando um saca-rolhas adequado, para evitar que se quebre ou se desfaça. A rolha deve ser cheirada para verificar se o vinho está em boas condições ou se apresenta defeitos, como o bouchonné (cheiro de rolha).
A decantação é um processo que consiste em transferir o vinho de uma garrafa para um recipiente chamado decanter, que tem a forma de um jarro ou uma ânfora. A decantação tem duas finalidades: separar o vinho dos sedimentos que se formam na garrafa com o tempo, especialmente nos vinhos tintos mais antigos; e arejar o vinho, permitindo que ele respire e libere os seus aromas e sabores, especialmente nos vinhos tintos mais jovens.
A guarda é a forma de armazenar o vinho por um determinado período de tempo, que pode variar de meses a anos, dependendo do tipo de vinho. A guarda pode ser feita na garrafa ou na barrica, sendo que cada uma tem as suas vantagens e desvantagens. A guarda na garrafa permite que o vinho evolua lentamente, mantendo as suas características originais. A guarda na barrica permite que o vinho adquira novas características, como cor, aroma e sabor da madeira.
A temperatura ideal para guardar o vinho é entre 12°C e 18°C, com pouca variação ao longo do ano. A umidade ideal é entre 65% e 75%, para evitar que a rolha resseque ou mofe. A luminosidade ideal é baixa ou nula, para evitar que o vinho oxide ou perca a cor. A posição ideal é horizontal ou inclinada, para manter a rolha úmida e vedada. O local ideal é limpo, arejado, silencioso e livre de vibrações, odores e insetos.
A harmonização é a arte de combinar o vinho com os alimentos, de forma a realçar os sabores e as sensações de ambos. A harmonização pode ser feita por semelhança ou por contraste, dependendo do tipo de vinho e do tipo de alimento. Algumas regras básicas de harmonização são:
- Vinhos tintos combinam com carnes vermelhas, massas com molhos encorpados, queijos curados e chocolate amargo.
- Vinhos brancos combinam com peixes, frutos do mar, aves, massas com molhos leves, queijos frescos e frutas.
- Vinhos rosés combinam com saladas, pizzas, sanduíches, embutidos, queijos suaves e sobremesas.
- Vinhos espumantes combinam com canapés, salgadinhos, sushi, ostras, caviar e bolos.
- Vinhos fortificados combinam com patês, foie gras, frutas secas, nozes e doces.
O consumo moderado de vinho (cerca de 1 a 2 taças por dia) pode trazer benefícios para a saúde como os benefícios para a saúde, como:
- Prevenir doenças cardiovasculares, pois o vinho contém polifenóis, que são antioxidantes que protegem as artérias e reduzem o colesterol ruim (LDL) e a pressão arterial.
- Prevenir o câncer, pois o vinho contém resveratrol, que é um composto que inibe o crescimento de células tumorais e induz a apoptose (morte celular programada).
- Prevenir o envelhecimento precoce, pois o vinho contém flavonoides, que são antioxidantes que combatem os radicais livres e previnem a oxidação celular.
- Melhorar a função cognitiva, pois o vinho contém ácido gálico, que é um composto que melhora a circulação cerebral e previne doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
- Melhorar o humor e a qualidade do sono, pois o vinho contém melatonina, que é um hormônio que regula o ciclo circadiano (ritmo biológico) e induz o relaxamento e a sonolência.
No entanto, o consumo excessivo ou inadequado de vinho (mais de 3 taças por dia) pode trazer riscos para a saúde, como:
- Causar dependência alcoólica, pois o vinho contém etanol, que é uma substância psicoativa que provoca euforia, desinibição e vício.
- Causar intoxicação alcoólica, pois o vinho contém etanol, que é uma substância tóxica que provoca náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, tontura, confusão mental, coma e até morte.
- Agravar problemas hepáticos, como cirrose e hepatite, pois o vinho contém etanol, que é uma substância que sobrecarrega o fígado e causa inflamação e fibrose no órgão.
- Interferir na absorção de nutrientes, como vitaminas do complexo B, ferro e cálcio, pois o vinho contém taninos, que são compostos que formam complexos insolúveis com esses nutrientes no intestino.
- Provocar reações alérgicas ou intolerantes, como dor de cabeça, vermelhidão, coceira e asma, pois o vinho contém sulfitos, que são conservantes que podem causar hipersensibilidade em algumas pessoas.
Conclusão
O vinho é uma bebida que tem uma história milenar e uma ciência complexa. O vinho é originário do Oriente Médio e se difundiu pelo mundo graças à cultura, à religião e ao comércio de diversos povos e civilizações. O vinho é produzido a partir da fermentação do suco de uva e pode ser classificado em diferentes tipos, de acordo com a cor, o teor alcoólico, o açúcar residual, o gás carbônico e o envelhecimento. O vinho tem efeitos sensoriais e fisiológicos no organismo humano e pode trazer benefícios ou riscos para a saúde, dependendo da quantidade e da qualidade do consumo.
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